Thursday, January 18, 2007

A Árvore

Muito prazer, me chamo árvore e sou frondosa,
Estou nesta colina a muitos anos e me chamam idosa.
Daqui eu vejo a cidade, a praça e o chafariz,
Também vejo a Escola, o Paço e a Matriz.


Sob minha sombra e minha energia,
O Ilustres da cidade, visitam-me todo dia.
O Juiz medita, sôbre sentenças da comunidade,
E o Prefeito, decide aquí suas prioridades.


Nao me importo com a chuva, o sol e o orvalho,
Ou que as pessoas subam no meu galho.
Nem com excremento dos pássaros ao dia,
Muito me zanga, é o homem e sua tirania.


Aquí, já houve pic-nics e reunião,
Batizado, missas e confissão.
Eventos da escola e da igreja,
Festa Junina e da cerveja.


Eu sou o maior patrimônio desta cidade,
Aquí já ví muita alegria e felicidade.
Mas, tenho uma tristeza , que não quer me deixar,
Foi a morte do Dito, ao se enforcar.

Tuesday, January 16, 2007

Aconteceu no Natal

Hoje, sentado neste leito de concreto armado,
Pela grade eu vejo, a mata e o dia nublado.
Vou cumprir uma longa pena, aqui nesta ilha,
Só penso em Deus, na mãe e na filha.


Você nao estava bem, eu te levei ao hospital,
Chovia muito, e era véspera de Natal.
Eu trabalhava para comprar o enxoval da menina,
Eu fui detido pela Polícia, com aquela cocaína.


Em casa é dito a menina, que estou viajando,
Mas todas essas mentiras, estão me matando.
Tenho as fotos de hoje, até o dia em que nasceu,
E sem mim, o tanto que ela cresceu.


Comecei a trabalhar no tráfico, ainda rapaz,
E desde então, acabou a minha paz.
Aqui sou Marceneiro e tenho profissão,
Faço cama, mesa, banco e portão.


Quando esta menina, chegar a maioridade,
É Natal, vou comprar uma roupa vermelha na cidade.
Vestido de Papai Noel, vou atravessar a favela,
Dando presente as crianças e para a minha querida Estela.