Tuesday, March 13, 2007

Dias Amargos

Semana Santa, páscoa e ressurreiçao,
Era para ser horas e durou um tempao.
Meu coração me traiu sem piedade,
E agora repouso no coração da cidade.


Acordo de um sono profundo,
Pensei que fosse o fim do mundo.
Da janela eu vejo o Masp e a Paulista,
Palco de grandes lutas e conquista.


Meu corpo imóvel e mente trabalhando,
Ouço pessoas caminhando e passeando.
Neste momento em que estou só,
Lembro na mãe, no pai e na avó.


Aqui esteve filhos e minha irmã adorada,
Como mãe me cuidou até de madrugada.
Muitos me vieram prestar solidariedade,
Amigos e alunos da Faculdade.


Agoro pronto e restabelecido,
Penso com calma no acontecido.
Fiz um balanço do homem ao menino,
E com cautela vou seguir me destino.

Thursday, January 18, 2007

A Árvore

Muito prazer, me chamo árvore e sou frondosa,
Estou nesta colina a muitos anos e me chamam idosa.
Daqui eu vejo a cidade, a praça e o chafariz,
Também vejo a Escola, o Paço e a Matriz.


Sob minha sombra e minha energia,
O Ilustres da cidade, visitam-me todo dia.
O Juiz medita, sôbre sentenças da comunidade,
E o Prefeito, decide aquí suas prioridades.


Nao me importo com a chuva, o sol e o orvalho,
Ou que as pessoas subam no meu galho.
Nem com excremento dos pássaros ao dia,
Muito me zanga, é o homem e sua tirania.


Aquí, já houve pic-nics e reunião,
Batizado, missas e confissão.
Eventos da escola e da igreja,
Festa Junina e da cerveja.


Eu sou o maior patrimônio desta cidade,
Aquí já ví muita alegria e felicidade.
Mas, tenho uma tristeza , que não quer me deixar,
Foi a morte do Dito, ao se enforcar.

Tuesday, January 16, 2007

Aconteceu no Natal

Hoje, sentado neste leito de concreto armado,
Pela grade eu vejo, a mata e o dia nublado.
Vou cumprir uma longa pena, aqui nesta ilha,
Só penso em Deus, na mãe e na filha.


Você nao estava bem, eu te levei ao hospital,
Chovia muito, e era véspera de Natal.
Eu trabalhava para comprar o enxoval da menina,
Eu fui detido pela Polícia, com aquela cocaína.


Em casa é dito a menina, que estou viajando,
Mas todas essas mentiras, estão me matando.
Tenho as fotos de hoje, até o dia em que nasceu,
E sem mim, o tanto que ela cresceu.


Comecei a trabalhar no tráfico, ainda rapaz,
E desde então, acabou a minha paz.
Aqui sou Marceneiro e tenho profissão,
Faço cama, mesa, banco e portão.


Quando esta menina, chegar a maioridade,
É Natal, vou comprar uma roupa vermelha na cidade.
Vestido de Papai Noel, vou atravessar a favela,
Dando presente as crianças e para a minha querida Estela.

Monday, December 18, 2006

O Lidado

Selestino, lavrador, bom baiano de Ibicuera
Em Rui Barbosa, conhece Etelvina, doce menina da Terra
O casamento agita a cidade e a festa dura mais de uma semana
Ai chega os filhos, Maria Alice, Jaime e Ana


Vou falar do Jaime, o protagonista da alegria
Nasceu em Itaberaba, e aos 17 anos, deixa a Bahia
Chega a esta cidade, ainda adolescente
Para fazer istória e se tornar diferente


Aqui Jaime casa-se com Maria da Graça
Nasce Marina, a herdeira do rei da raça
Funcionário Público, lotado na Universidade
Êle é o maior orgulho da nossa comunidade


No Sintusp, ao lado de Magno e Nely, êles sao pedreira
Com muita garra, lutam pela nossa Carreira
Homem sábio, ìntegro e de sorriso fácil,
Na hora H, êle faz tremer a Reitoria, Alesp e o Palácio


Boemio, adora a noite, e sabe as mulheres tratar
Os amigos, Luciana, Luiz Amorim e Rigomar
Quem o conhece, admira êsse grande camarada
Companheiro e amigo para todas as jornadas.

Saturday, December 16, 2006

O Filho Amado

Nasce na Vila Formosa, o filho de Cida e Bernardo
Após grande alegria, logo decidem por Leonardo
Em Sapopemba, Rodrigo e Léo começam na escolinha
E conhece o amigo irmão, André pedrinha


Conhecí-o, durante uma grande manifestação
Ao lado do carro de son, êle observa a multidão
Lutando com barnabés, êle caminha até o Palácio
No meio da passeata, êle parece o mestre da Estácio


Marcela a paixão, musa que veio da Vila Carrão
Curte a elite e a plébe, breja, rock e Timão
Na banda, êle é a estrela máxima da moçada
No palco, sua bela voz, viaja na madrugada


Na USP, começou com Química, mas Psicologia foi a opção
Entre os Acadêmicos êle é o lider dessa nação
Nunca cometeu nenhum desatino
Cabeça de homem e coração de menino


Hoje na mesma praça, sento neste banco gelado
Eu velho e cansado, penso nêle e choro calado
Se Deus me desse um filho querido
Leonardo, seria o nome escolhido.

Mamâe para sempre

Você que ainda tem a sua mâezinha
Cuide com carinho, da sua rainha
Que no ventre te levou, durante 9 lua
E nunca deixou você dormir na rua


De madrugada, quando você nenê acordava
Um pé na máquina e outro o berço balançava
Entre seus cortes e costura, lutou com ardor
Para lhe dar o título de Doutor


Mãe, faz tempo que você nos deixou
O pai ainda não se recuperou
Arrumando seu baú, achei a saia de cetim
E a blusa branca, com perfume de jasmim


Hoje aqui de joelho, na sua sepultura
Seguro sua bela foto de formatura
Aos prantos, venho lhe pedir
Pelo sofrimento que lhe causei em vão


No Brasil é mãe, Madre na Espanha
No Japão é Okaasam, Mutter na Alemanha
Mama na Itália, Mami no México e Mére em Francês
Omi em Árabe e Mother em Inglês.

Monday, December 11, 2006

Minha paixão

Minha paixão é você USP
Que é berço de mitos ilustre
Com mais de vinte universidade
E mestres espalhados pela cidade


Quando aqui cheguei, eu era criança
Já se passou 40 anos, de trabalho e esperança
Meu sonho era ser aluno ou docente
Mas o destino quiz que eu fosse servente


Os mestres são especiais e de primeira
Aparecem nos jornais e na pioneira
Os alunos são a nossa maior riqueza
Eles são o equilibrio da natureza


Aulas, Simpósios e Congresso
Tudo para o desenvolvimento e progresso
Festas, música e balada
A Usp, é um show na madrugada


Hoje na praça do relógio sentado
Penso em Yara, Mattos e Wlado
Na face uma lágrima de saudade
De minha amada Universidade.

Monday, December 04, 2006

Herança destruída

Do monte, o velho me mostrou a chuva, a noite e o luar
As estações do ano, as flores, os frutos, o rio e o mar
Mostrou-me os bichos, seus filhotes e a natureza
E deu para mim essa herança, essa realeza

Assim que ele se afastou, a inveja me converteu num predador
Transformei-me num ser amargo, um destruidor
Resolvi a partir daquele momento, arrasar o universo
Unido com a ganância, tornei-me o ser mais perverso

Na floresta, com a minha foice, eu era o tal
Assolei quase todo ser vivo e vegetal
Demoli as cascatas, tornei impuro os rios e o mar
Queimei a mata e a fumaça poluiu o ar

Com os índios, fui um lucifer doloroso
Queimei as ocas e quase extingui seu povo
O canto dos bichos, muito me incomodava
Com minha armadilha, centenas ao dia eu matava

Hoje no mesmo monte, nada vejo, sou um desgraçado
Sem ar, sem água, estou numa mortalha de toco queimado
Rezo dia e noite para o velho voltar,
Para pedir desculpa e me sepultar